CD´s e repertório de hp

Acabei de ouvir o último cd da maravilhosa Alice Giles,"Song in the Night",inteiramente dedicado às transcrições de Salzedo e posso dizer que esta é a gravação que eu escolheria se tivesse que ficar com um cd de hp apenas aqui em casa.O cd é caro pq importado da Europa mas valeu o $,a hp soa como uma orquestra inteira na capela Scholastic na Australia e esta artista,a única Salzedo que aquela banca de Israel teve que engolir pq seria impossível uma 2nd marmelada,é não só perfeição técnica como outros tb são,mas uma musicista de inquestionável superioridade e isso é bem raramente encontrado no mundo da hp;basta se ouvir seu Handel(O Ferreiro Harmonioso)e depois a fantasia de Salzedo sobre "Granada" de Lara para comprovar a classe e sabedoria com que ela aborda os diferentes estilos.Depois,ouçam Dan Yu,por ex...
Alice Giles-"Song in the Night" (ABC Classics),disponível na Amazon e no
harp.com

Pesquisando para meu concerto de abril referente ao banimento dos harpistas por Elizabeth I,seu decreto proibitivo às hps e divulgação das antigas tradições de irlandeses,escoceses,sua música e diferentes tipos de hps,tive duas experiências antagônicas e curiosas numa mesma semana.Após um contato prévio com Siobhán Armstrong,na Irlanda,cheguei,por e-mail,à única harpista no mundo que teria o que sobrou da música de C.MacDermott,harpista particular de Elizabeth.Apenas cinco folhas xerocadas da biblioteca da Yale U e pelas quais ela espera receber um pagamento de 50 libras,fora o correio,isso se eu realmente quiser incluir essas raridades no meu programa.Por outro lado,Carol Thompson,a maravilhosa harpista céltica de quem muito falei no antigo fórum e já relativamente idosa,dispôs-se graciosamente a colocar em seu "velho computador,neste cinzento e terrível inverno"(segundo ela)uma belíssima peça solo original das ilhas Blaskett,costa de Kerry,que é uma das coisas mais lindas que já ouvi na hp e me enviar como um simples presente para um admirador e nada mais.Fiquei até com sentimento de culpa por ter pedido.

Ainda que a obra de C. McDermott seja artigo raríssimo, ainda que ela queira valorizar - e com razão - o próprio trabalho de pesquisa, com certeza cobrar 50 libras por algumas poucas páginas não vai ajudar a difundir o que é na verdade da história e não dela. Ela deve de ter suas razões, mas ainda acho que no valor ela se equivocou.
Carol Thompson: Quando eu pesquisava muito mais sobre harpa céltica, descobri a página de Carol Thompson na internet. É mais um daqueles bem-vindos casos de harpistas que têm uma base sólida de estudo e se interessam também pela harpa céltica ou até a escolhem como instrumento e se aprofundam nela com propriedade. Foi assim com Derek Bell, oboísta de orquestra, pianista, compositor.

Ela não tem razão alguma,Romero.A música é de domínio público,ela pretende sentar sua bunda irlandesa sobre esse material como se fora criação de um parente dela e como a comunicação entre nós se tornou "quite rude" nos últimos e-mails,agora eu estou tratando com o marido dela que não é tão pretensioso.O que me enfureceu ontem é que eu me dispus a pagar as libras pelas quais ela tanto anseia(para fazer suas gold monofilament strings)desde o início,embora tenha manifestado minha "surpresa" com o valor,e ela sugeriu que "para poupar tempo e dinheiro extra com o correio",me enviaria os preciosos "part-book(nem música p hp é,mas sim peças a 4 vozes como era a escrita mais comum da época)fac similes" por e-mail attachments!!!Queridinha;vc terá,sim,que sair na chuva gelada do triste inverno de sua cidade e colocar tudo por asap!
" A música de Cormac permanece unpublished e meus arranjos são tudo o que existe"/"Cinquenta libras é uma quantia substancial mas eu e Charles tivemos que viajar 1500 milhas até a YUL"/"Eu agora compreendo que vc não sabe que a música de McDermott é escrita na forma de partsongs e que seu grande interesse reside no fato de ser esta composta por um claiseóir..."(a isto eu respondi que "devido talvez ao meu terrível ingles escrito,agora eu compreendia que talvez ela não tivesse entendido que meu programa incluiria a música tocada dentro(John Dowland,Tomas Campion,...,partsongs,just como as dele),fora(folktunes and dances)da corte e a música proibida por decreto nos territórios confiscados pela soberana e que eu não era um completo iletrado na questão.Foi quando Charrrrrrrles assumiu a negociação.Está pago,enfim.Aguardemos as preciosidades chegarem ao seu destino

Chegaram as preciosidades,caro Romero.São 6 da manhã,passei a noite em claro analisando as 5 peças,muito simples do ponto de vista da harmonia,se comparadas à produção dos contemporâneos,John Dowland,Byrd,Rosseter e cia.Acidentes são raridade,modulação,nem vestígio.Falta de familiaridade com uma linguagem mais arrojada,devido ao pequeno espectro de recursos da hp irlandesa?Fiquei sabendo que Andrew Lawrence King tb tem esse material e se ele tem,muitos de seus alunos devem tê-lo tb.Então não sou um dos únicos dois ou três a possuir essas partituras

Nesse caso, eu as chamaria não tanto de preciosidades, mas de raridades, e seu valor residindo no fato de ser um documento histórico.
Sendo seus contemporâneos Dowland e Byrd, ele viveu no final do século XVI e início do XVII, correto? Turlough O'Carolan veio pouquíssimo tempo depois: 1670-1738. Imagino que para aquela época, algumas décadas não eram quase nada em termos de implementação de recursos para um instrumento a ponto de se mudar bastante o caráter das composições. Carolan era também irlandês e, no entanto, a música dele é bem mais trabalhada. Eu sei que os registros das canções de Carolan são da melodia e a parte da harmonia foi inserida depois; não se sabe o que ele fazia. Mas pelo que me lembro do que já li sobre ele - e cheguei a escrever muito sobre isso no outro fórum - ele gostava do que se fazia em termos de música no continente e incorporava nas suas obras traços dos italianos.
A princípio, pensei nessas coisas.

Por acaso, a tão gentil mercenária seria Mrs. A. Heymann?

Gol.Só queria saber como chegou tão fácil ao sujeito da frase,sendo que eu revirei com meus e-mails todo o Reino Unido atrás deste predicado...A música de Dermott é courtly music,enquanto que a de Carolan é folk,seguindo a trad de transmissão oral.Mesmo a hp irlandesa-sobre a qual deixaram descrições elogiosas em seus respectivos tratados de instrumentação,Praetorius,Bacon e Galilei,por seu som "doce"-é um instrum popular nessa época,apesar do patronato dos nobres irlandeses e antes desse instrum cair em elizabethana desgraça,diferentemente dos nobres virginais,violas,alaúdes,...e um ponto de forte interesse nessa música definitivamente pobre(harpistas-compositores,...Não é de hoje...)seria o fato de música culta sair da pena de um músico "pop".Então,essas partituras são perfeitamente reconhecíveis e executáveis,requerendo apenas o trabalho de juntar as partes num contexto harm para solo instrum,ou dois ou mais deles.Tenho aprendido muito essas semanas sobre esses instrumentos "sem repertório";que a hp de Brian Boru é assim considerada por equívoco,que harpistas cegos aprenderam o ofício pq o aprendizado da Música era uma forma de garantir o sustento às crianças cegas quando estas atingissem a maioridade,sobre as cordas de metais preciosos,sobre os famosos Harp Consorts de Lawes(harpa galesa,3 filas),que Henrique pai foi ele mesmo um estudante de hp,tendo concedido generosa aposentadoria à seu velho e tb cego mestre de hp,...Enfim,meus caros,a hp céltica para mim,tem se revelado verdadeira caixa de jóias.Agora,aguardo o belíssimo Port nAbpucai que a simpaticíssima Carol Thompson está passando para o papel.Que doçura é a Sra Thompson!Me correspondo com ela já há um ano,mais ou menos.

Após todos esses dias corrigindo "oddities" nas partes de Mac Dermott,cheguei à conclusão de que Elizabeth teve bem menos a ver com o declínio da hp gaélica do que a própria incapacidade desse instrumento em se adaptar à uma época em que a música torna-se mais e mais cromática.A opinião da Sra Heymann é que nenhuma correção deve ser feita nas partes(ficou mortificada por ter eu usado o termo " oddities",deve ter até engasgado ),por mais erradas que estejam,para preservar a característica modal(segundo ela.Para mim,essas oddities deveriam ser tratadas como "misprints",como é comum em early music e corrigidas)das mesmas.Mas sol em lugar de fa sustenido,fa nat em lugar de fa sust é de doer.Respeitarei,contudo,a edição feita por ela.

Achei a parte solo de harpa do Harry Potter 1(quando o cachorro de 3 cabeças dorme ao som de uma harpa enfeitiçada) mas não lembro ter ouvido tantos trilos quando assisti o filme.


http://www.musicnotes.com/sheetmusic/mtd.asp?ppn=MN0040780

Em trilhas sonoras, eu gosto muito da harpa que tem na trilha do filme As Horas. Têm várias partes em que a harpa fica quase solo, e no restante ela se integra muito bem com os outros instrumentos.

Ariadne em Naxos em SP-uma amiga assistiu e me conta de uma boa e sonora atuação da Angélica nesta maravilhosa parte p 2 hps de R.Strauss(em especial,na entrada de Baco,quando as ninfetinhas estão muito assanhadas em meio a cintilantes escalas e arpejos).Diz não ter ouvido muito a 2a,igualmente importante(que pena...).Parabéns,não é uma parte mamão com açucar.Tarde demais p sugerir mas uma grav maravilhosa onde se ouvem todas as notas das hps é a do Sinopoli com a Staatskapelle Dresden,dentre as várias que tenho aqui em casa.Eu só não fui por restrições pessoais(alguns nomes no elenco).

Olá, estou estudando a peça Impromptu Caprice de Pierne e gostaria de saber se alguém sabe da história por detráz da composição, se é que existe. Espero que alguém possa me ajudar.
Leila Reis

Oi, Leila. Vi sua pergunta aqui e também me interessei por conhecer algo sobre o compositor e essa peça. Veja o que encontrei e resumi em pesquisa ao Grove Dicionário de Música:

Henri Constant GABRIEL PIERNÉ (16/08/1863 – 17/07/1937), organista, regente e compositor francês. Ganhador do 1º prêmio do Conservatório de Paris de órgão aos 16 anos, harmonia aos 17 e contraponto aos 18. Aluno de Massenet em composição. Aos 19, prêmio de Roma pela cantata Edith.

Regeu as primeiras apresentações de várias peças de Debussy (Ibéria, Images, etc.), Ravel (Tzigane, 1ª suíte Daphnis et Chloé), Stravinski com o companhia de balé de Diaghilev (O Pássaro de Fogo).

Período composicional (1880 – 1936) dividido em três fases. A obra Impromptu-Caprice, op. 9, em Lá Bemol Maior, para harpa, composta em 1885, é da primeira fase, que se caracteriza pelas obras para piano, “mélodies” (termo mantido em francês no Grove, conforme definição abaixo), música incidental e primeiras óperas. (No site www.answers.com, ainda encontrei que a primeira publicação da Impromptu-Caprice se deu em 1887.)

Pierné ainda compôs para a harpa a peça Concertstück for Harp and Orchestra, op. 39, de 1901 (que conheci pela TV Educativa em programa que apresentou a Marielle Nordmann com a OSESP, quando de sua vinda ao Brasil há alguns anos).

Pierné construiu uma linguagem muito pessoal, clássica na forma e moderna no espírito, equilibrando técnica e individualidade, disciplina e instinto.

Quanto à “mélodie”, era a canção romântica francesa do final do século XIX e início do século XX. Foi creditada à nascente escola de poesia francesa (Victor Hugo, Musset, etc.), tendo alcançado sua expressão mais original e sofisticada nas canções de Debussy, Fauré e Duparc.

Romero.

Tenho adoração por sonatas, então fico com duas na cabeça o dia todo...

Bach - Sonata para flauta, harpa e violoncelo em sol menor
Debussy - Sonata para flauta, harpa e viola.

Ambas magníficas.

Obrigada pela pesquisa sobre o autor e a peça.
Bjos

https://www.youtube.com/watch?v=JkRdS72UyZ4&feature=related

um interessante set de variações p harpa sobre "O vôo do pavão".Eu não conhecia a peça e nem o autor.Harpistas tocam lixo pq gostam dele.

Queridos, viajando pelo "você tubo", procurava uma sonata de CArl Philipp Emanuel Bach, que acho maravilhosa, mas só tenho o áudio, queria ver o vídeo... Acabou que não achei. Mas achei uma coisa espetacular.

https://www.youtube.com/watch?gl=US&v=2ElxlqFAZvg

A harpista Victoria Drake, com o CD das transcrições das sonatas para cello completas ( ).
Enfim, quero esse cd. rs